Empreendedorismo

As conquistas do empreendedorismo feminino no Brasil

Postado em: 29/01/2025

Três mulheres em um ateliê avaliando um bloco de anotações

Tempo de Leitura: 7 minutos

O empreendedorismo feminino tem se destacado como uma das grandes forças transformadoras da sociedade contemporânea. Nas últimas décadas, as mulheres vêm conquistando espaço em setores antes dominados por homens, rompendo barreiras históricas e sociais, liderado um movimento de transformação e redefinindo o que significa a liderança no mundo dos negócios.

Porém, a história do empreendedorismo feminino no Brasil está profundamente enraizada em uma trajetória de desafios estruturais e culturais, uma herança que se reflete até hoje, criando obstáculos como a falta de acesso a crédito, o preconceito de gênero e a sobrecarga com tarefas domésticas. Este artigo explora o crescimento do empreendedorismo feminino no Brasil, abordando suas origens, desafios e as principais conquistas recentes.

O que é empreendedorismo feminino?

Empreendedorismo feminino refere-se à iniciativa de mulheres que criam, lideram e gerenciam seus próprios negócios. Esse movimento não apenas representa a busca por autonomia financeira, mas também por empoderamento e igualdade de gênero no mundo empresarial. 

Historicamente, as mulheres enfrentam diversas barreiras para empreender. No Brasil, apenas com a Constituição de 1988, as mulheres passaram a ter direitos legais plenos para abrir e gerir seus negócios sem a necessidade de autorização do cônjuge. Essa conquista foi um marco que simbolizou o início de uma nova era para o empreendedorismo feminino.

Segundo levantamento do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), cerca de 26 milhões de mulheres no Brasil estão envolvidas em atividades empreendedoras, sendo 46% dos empreendedores iniciais em território nacional. Este número posiciona o país como um dos maiores em termos de empreendedorismo feminino no mundo. O estudo também revela que grande parte dessas mulheres iniciou seu negócio por necessidade, seja para complementar a renda familiar ou conquistar independência financeira. 

Outro dado relevante é que, entre os novos empreendimentos liderados por mulheres, a maioria pertence ao setor de serviços, destacando a capacidade de adaptação e inovação em áreas diversas.

Os desafios do empreendedorismo feminino no Brasil

A herança de desigualdades de gênero continua a impactar a jornada de muitas mulheres empreendedoras. Fatores como a dupla jornada de trabalho, acesso limitado a recursos financeiros e a falta de representação em cargos de liderança ainda são desafios significativos.

Estudos realizados pelo Sebrae apontam que apenas 29,4% do crédito concedido no Brasil é direcionado para empresas lideradas por mulheres. E, mesmo quando conseguem obter o crédito, a taxa de juros é cerca de 4% mais alta do que as aplicadas a empresas geridas por homens. Além disso, muitas ainda enfrentam preconceitos de gênero profundamente enraizados na sociedade. Muitas vezes, elas são subestimadas em ambientes corporativos e de negócios, enfrentando vieses que questionam sua competência e liderança.

Outro obstáculo é a desigualdade na distribuição de tarefas domésticas. Segundo o IBGE, em 2022, as mulheres dedicaram, em média, 9,6 horas por semana a mais do que os homens aos afazeres domésticos ou ao cuidado de pessoas. Essa diferença limita o tempo e a energia que muitas mulheres podem investir em seus negócios.

A exclusão de mulheres dos espaços de decisão também é um grande entrave. Um estudo da FIA Business School aponta que apenas 38% das mulheres ocupam posições de liderança em empresas no Brasil, revelando uma disparidade que impacta diretamente as oportunidades de crescimento. Esses desafios, combinados com a falta de redes de apoio, reforçam a necessidade de políticas públicas e iniciativas que promovam a equidade de gênero.

5 conquistas do empreendedorismo feminino no Brasil

Apesar dos inúmeros desafios enfrentados pelas mulheres empreendedoras, os últimos anos têm sido marcados por conquistas expressivas no cenário do empreendedorismo feminino no Brasil. Com iniciativas que promovem a equidade, um maior acesso a recursos financeiros e a consolidação de negócios liderados por mulheres, elas estão transformando o mercado, ocupando espaços estratégicos e quebrando paradigmas históricos. Veja, abaixo, 5 das principais conquistas!

Nos últimos anos, diversos programas foram criados para incentivar mulheres a empreender. Um exemplo é o programa Mulheres Empreendedoras, do Sebrae, que oferece capacitações, mentorias e acesso a redes de networking. Outra iniciativa é a Rede Mulher Empreendedora (RME), uma das principais voltadas ao fortalecimento do empreendedorismo feminino no Brasil. Fundada em 2010, a RME é a primeira e maior rede de apoio a mulheres empreendedoras no país, oferecendo capacitações, eventos e mentorias. 

Juntas, essas iniciativas criam um ambiente mais inclusivo e oferecem ferramentas práticas para que empreendedoras enfrentem os desafios de um mercado competitivo, ajudando a estabelecer um ecossistema mais favorável para o empreendedorismo feminino.

Como vimos, o acesso ao capital tem sido uma barreira histórica, mas isso está mudando. Em 2020, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou uma linha de crédito exclusiva para mulheres, com condições diferenciadas. 

Além disso, startups lideradas por mulheres começaram a atrair mais investimentos. De acordo com um estudo da Associação Latino-Americana de Private Equity & Venture Capital (LAVCA) em parceria com a Microsoft e a Bertha Capital, o aporte destinado a startups lideradas por mulheres na América Latina saltou de 16% em 2019 para 31% em 2022, equivalendo a um terço do total em dólares investido na região.

No Brasil, o estudo apontou um cenário semelhante: os investimentos direcionados a startups fundadas por mulheres passaram de 15% para 30%.  Além disso, um levantamento da plataforma Efund apontou que o percentual de brasileiras à frente de startups quadruplicou em 2022, chegando a 13,7% frente a apenas 3% em 2021.

Em 2021, foi publicado o primeiro estudo sobre a participação de empreendedoras no ecossistema de inovação brasileiro, o Female Founders Report, que revelou um aumento significativo no número de startups fundadas por mulheres no Brasil. O relatório teve como objetivo entender os impactos da desigualdade de gênero dentro das startups brasileiras e constatou que apenas 4,7% são fundadas exclusivamente por mulheres, quase 20 vezes menos que aquelas fundadas por homens. 

Outro dado importante para análise do cenário é que mais de 50% das empresas lideradas por mulheres estão em fase de estruturação do produto mínimo variável (MVP) ou início de operação. Além disso, a baixa diversidade é um ponto de atenção: a composição étnico racial é principalmente de mulheres brancas (76,7%), e depois das pardas (13,3%), pretas (5,8%), amarelas (3,0%) e indígenas (0,5%).

Empresas de venture capital, que investem em startups e empresas emergentes, estão adotando uma abordagem chamada “lente de gênero”, priorizando investimentos em negócios liderados por mulheres. Segundo a ABVCAP, os investimentos com lente de gênero cresceram 35% no Brasil entre 2018 e 2023, mostrando um avanço importante para o ecossistema empreendedor.

O relatório “Catalisando a igualdade”, publicado em 2021 pela Value For Women em parceria com o Programa Ganha-Ganha da ONU Mulheres, apontou que 59% das gestoras e gestores de fundos, integrantes de rede de anjos, investidoras e investidores afirmaram que já possuíam uma estratégia de gênero. Além disso, 48% relataram fornecer fundos específicos de investimento para empresas lideradas por mulheres ou que promovam de alguma forma a igualdade de gênero. 

Nos últimos anos, a representatividade de mulheres em empresas unicórnio, avaliadas em US$ 1 bilhão ou mais, cresceu: em 2013, não havia mulheres CEO em unicórnios e apenas 5% tinham uma fundadora ou cofundadora. Hoje, 14% dos unicórnios têm uma cofundadora e 5% têm uma CEO fundadora que se identifica como mulher, segundo uma análise da Cowboy Ventures

Exemplos como a Nubank, co-fundada por Cristina Junqueira, mostram que mulheres estão alcançando novos patamares de sucesso no empreendedorismo. Porém, o estudo da Cowboy Ventures aponta que ainda será necessário quase 40 anos para alcançar uma representação de gênero igualitária.

O empreendedorismo feminino no Brasil avançou significativamente, apesar dos desafios históricos e culturais. Iniciativas de fomento, maior acesso a capital, estudos dedicados, investimentos direcionados e o crescimento de unicórnios liderados por mulheres demonstram que as mulheres estão redefinindo o mercado. Para ampliar ainda mais essas conquistas, promover a educação empreendedora é essencial. Escolas que investem em formação empreendedora preparam meninas para se tornarem líderes e protagonistas de seu próprio sucesso. 

O futuro do empreendedorismo feminino depende de nossa capacidade de formar uma nova geração de mulheres empoderadas, criativas e resilientes e a Jovens for Schools é uma grande aliada nessa missão. O programa de Educação Financeira, Empreendedora e Socioemocional leva o desenvolvimento da mentalidade empreendedora para as escolas, formando estudantes preparadas para um futuro de sucesso. Acesse o site e saiba como transformar a educação em sua escola!

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